War and Water
-
English
-
ListenPause
I’m Peter Neill, Director of the World Ocean Observatory. Our time is fraught with war and water. The headlines confirm that for what seems like forever there has been conflict in the Middle East where sectarian rivalries, religious conflicts, the pursuit of oil, and the geo-political collision between economic aspirations and impassioned ideologies . Many thousands have died – children, women, men – in an endless time and place of conflict. The most recent manifestation is the so-called Islamic State or ISIL, a particularly feral group of Muslim militants with the intent to re-establish the historical caliphate that once extended from the Mediterranean Sea to the Persian Gulf. Suddenly, everything reverts to air strikes, international outrage, and the possible return of boots on the ground. I have been looking at the maps indicating where so quickly the ISIL forces seem to have taken control and wondering at their length and direction that extends from the northern border between Turkey and Syria southeasterly almost to the limits of Baghdad. The obvious explanation is that the extent of their success mimics the main highway than runs from Aleppo to the capital city. A larger segment of controlled territory is enclosed to the east by a similar route that connects Mosul south to Tikrit, Samarra, and Baghdad where the situation deteriorates into the ambiguity of warfare and shifting political ambitions. But if you look closely at your atlas map of Syria and Iraq you discover an underlying revelation: that those cities are placed and those highways run exactly along the course of several major rivers – the Euphrates, Tigris, and their tributaries – that originate in the mountains of eastern Turkey and descend to and past Baghdad where they empty at Basra into what ultimately becomes the Arabian Sea. In the vast, dry, unpopulated expanse of the region, this war is being fought down a watershed. My map is also marked by numerous three-dot symbols that are used by cartographers to designate significant historical cultural resources, locating places called Zenobia, Dura Europus, Nimrud, and Nineveh, names that speak to the earliest human settlements in what the history books call “the cradle of civilization.” Those rivers nurtured our beginnings, before Islam and Christianity, before conquest from elsewhere by imperialists following the trade routes to resources and connections beyond. There are other such symbols on my map – miniature drilling rigs signifying the major oil fields that fuel this war and all others – cultural icons of our modern time. The irony here is that after all the tumult and shouting, after all the air strikes and beheadings, all the assertions of conflicting systems of law, all the moral justifications, the only thing that really matters is the water – to drink, to secure hygiene and health, to irrigate crops, and to sustain the communities regardless of sect or religious belief, to allow the descendants of those who lived in these places centuries before to continue and thrive. The location of these cities and the caravan or highway routes between them are all testimony to the fact that for all time water has enabled the true security of the region. Take away the slogans and guns from these militants, let the people live, and the water will sustain them. We speak often in these editions of the healing and unifying nature of water. Below Baghdad, along this same riverine watershed, there lies an enormous lake and swamp system into which all these waters flow, an area that has been home to so-called “marsh Arabs” who had thrived there for a very long time in what were very fertile conditions. In the 1990’s, as a strategic part of an earlier iteration of this present war, the area was drained by canals and dikes to isolate and destroy the residents by removing their shelter and livelihood. It became a desert like elsewhere, devoid of plant life and birds, of shelter and safety until, when through the efforts of a small activist group, the dykes were broken, the waters returned, the marshes filled, and life began there anew. It is a cautionary tale of how we might through the free and unencumbered flow of water build a home without senseless conflict, without terror and its collateral damage. We will discuss these issues, and more, in future editions of World Ocean Radio.
Each city lost or gained by a rival faction in the latest violence in Syria and Turkey sits on a major river—the Euphrates, the Tigris, or their tributaries. The wars waged are being fought along a watershed. In this episode of World Ocean Radio we suggest that despite air strikes, conflicting systems of law, and pursuits for oil, what really matters most is water. That it, among all other things, is what enables the true security of the region.
-
Portuguese
-
ListenPause
O nosso tempo é repleto de notícias sobre guerra e água. As manchetes confirmam que, ao que parece desde sempre, têm continuado os conflitos no Médio-Oriente, onde rivalidades sectárias e religiosas, a procura de petróleo e as tensões geopolíticas entre aspirações económicas e ideologias profundas colidem. Muitos milhares têm morrido ao longo do tempo, neste espaço de interminável conflito. A mais recente manifestação é o auto-designado Estado Islâmico, ou EIIL, um grupo de militantes muçulmanos que visa o restabelecimento do histórico califado que em tempos se estendeu do Mar Mediterrâneo ao Golfo Pérsico. De repente, tudo se centrou em ataques aéreos, indignação internacional e a possibilidade de intervenção militar no terreno. Se observarmos os mapas que indicam as posições ocupadas pelo EIIL, podemos questionar-nos sobre a sua dimensão e disposição no terreno, que se estende desde a fronteira norte entre a Turquia e o sueste da Síria até quase aos limites de Bagdade. A explicação óbvia é a de que o seu sucesso no terreno replica a implantação da principal via rodoviária entre a cidade de Alepo e a capital iraquiana. A leste, uma parte substancial do território controlado, é delimitado por uma rota similar, que liga Mossul a Tikrit, Samarra e Bagdade, onde a situação se deteriora na ambiguidade da guerra e na instabilidade das ambições políticas. Mas se olharmos com atenção para um mapa da Síria e do Iraque, faremos uma interessante constatação: essas cidades e essas vias rodoviárias acompanham precisamente o curso de vários rios importantes – O Eufrates, o Tigre e seus afluentes – que têm origem nas montanhas do leste da Turquia e descem o seu curso, passando por Bagdade, até desaguarem em Basra, no Mar Arábico. Na vasta, árida e despovoada área que é esta região, a guerra vem sendo travada ao longo de uma bacia hidrográfica. Alguns mapas encontram-se igualmente polvilhados por um símbolo composto por três pequenos pontos, que os cartógrafos estipularam para designar a existência de recursos culturais e históricos relevantes, locais que remetem para os primeiros povoamentos humanos, aquilo a que os livros de História se referem como “o berço da civilização”. Esses rios alimentaram as nossas origens, antes do Islão e do Cristianismo, antes das conquistas dos impérios que perseguiram as rotas comerciais de acesso aos recursos. O meu mapa apresenta ainda outros símbolos - pequenas plataformas de perfuração, que representam os principais campos petrolíferos que alimentam esta e outras guerras – ícones culturais dos nossos tempos modernos. A ironia aqui, reside no facto de, após todo o tumulto e gritaria, depois dos ataques aéreos e das decapitações, de todos os ditames de sistemas jurídicos antagónicos, todas as justificações de natureza moral, a única coisa que verdadeiramente importa é a água – para beber, para garantir a higiene e a saúde, para irrigar as culturas e para sustentar as comunidades, independentemente de seita ou credo religioso, permitindo aos descendentes daqueles que, desde há séculos, ali habitam, continuar e prosperar. A localização dessas cidades e das rotas viárias ou de caravana entre elas, é testemunho de que, desde sempre, foi a água que assegurou a segurança da região. Retirem as armas e as palavras de ordem a esses militantes, deixem as pessoas viver as suas vidas, e a água providenciará o seu sustento. Na World Ocean Radio falamos muitas vezes da natureza unificadora e da capacidade regeneradora da água. Abaixo de Bagdade, ao longo da referida bacia hidrográfica, situa-se um enorme sistema lagunar e de pântanos, através do qual todas estas águas fluem. Trata-se duma área em que vivem os designados “Árabes dos pântanos”, que ali tem prosperado desde há muitos anos em condições que eram, até recentemente, bastante férteis. Na década de 1990, como estratégia num conflito armado anterior ao actual, a área foi drenada por canais e diques de modo a isolar e destruir os habitantes, retirando-lhes abrigo e sustento. Tornou-se um deserto como outro qualquer, desprovido de vegetação, aves, abrigo e segurança até que, através dos esforços de um pequeno grupo activista, os diques foram quebrados, as águas regressaram, os pântanos voltaram a encher e a vida recomeçou. É uma história que demonstra como, através do curso livre das águas, é possível viver livre de conflitos, terror e seus danos colaterais. Discutiremos estes e outros assuntos em futuras edições da World Ocean Radio.
Cada cidade conquistada ou perdida por uma facção rival na recente onda de violência que se regista na Síria e na Turquia situa-se num grande rio: o Eufrates, o Tigre ou algum dos seus afluentes. Os combates vêm sendo travados ao longo de uma bacia hidrográfica. Neste episódio da World Ocean Radio sugerimos que, apesar dos ataques aéreos, do conflito entre sistemas legais e das pretensões petrolíferas, o que verdadeiramente importa é a água. Que a água, acima de todas as outras coisas, é aquilo que permite a verdadeira segurança na região.
About World Ocean Radio: Peter Neill, Director of the World Ocean Observatory and host of World Ocean Radio, provides coverage of a broad spectrum of ocean issues from science and education to advocacy and exemplary projects. World Ocean Radio, a project of the World Ocean Observatory, is a weekly series of five-minute audio essays available for syndicated use at no cost by college and community radio stations worldwide.
World Ocean Radio Has Gone Global: A selection of episodes is now available in Portuguese, Spanish, French, and Swahili. For more information, visit http://www.worldoceanobservatory.org/world-ocean-radio-global.
Image: The Euphrates River
Credit: NASA | by Robert Simmon, using Landsat data/EarthObservatory
- Login to post comments